terça-feira, 28 de outubro de 2008

Às vezes eu me sinto até mal por conseguir sorrir em dias como esses. Eu não posso ser julgada culpada por apenas tentar seguir minha vida adiante sem perder nenhum minuto dela. Não posso ser julgada culpada por um crime que não cometi. Eu bem que queria chorar e ficar depressiva, deitar na minha cama e passar horas chorando e lamentando o leite derramado. Seria tão mais fácil, tão menos doloroso.Mas não foi isso que eu aprendi por toda a minha vida, não foi isso que ela me ensinou.Ela sempre me ensinou a ser forte e olhar pra frente com perseverança. Ter objetivos e traçar caminhos para alcançá-los, e sempre com um plano B, claro, afinal, nem tudo pode dar certo de primeira. Me desculpa pai, por não conseguir demonstrar minha dor e chorar no seu colo, assim como meu irmão faz. Me desculpa pai, por não conseguir te dizer que você tem sido o melhor pai do mundo, e que tem me dado força em todos os sentidos (mesmo eu sendo essa filha de merda!).Obrigado pai, por ser simplesmente quem você tem sido, por ser simplesmente meu pai.

E hoje eu vi uma borboleta. Estávamos voltando para casa de carro, e eu me assustei com um vulto ao meu lado. Quando olhei era uma borboleta, linda e livre. Voou ao nosso lado por algum tempo (longo, diga-se de passagem), e de repente, ficou parada, voando no mesmo lugar, nos olhando partir.

E eu sei que você vai sempre estar aqui.

sábado, 4 de outubro de 2008

O que vocês tem? Tristeza...

Todos chegaram em casa, a filha foi direto para o computador ouvir musica, o filho ficou mexendo no celular, a vó foi por o lixo para fora, e o pai ao banheiro. o silêncio perturbador reinava a sala, todos visivelmente incomodados. O pai resolve subir para tomar um banho e deitar, mas ainda eram 7horas da noite:
-Vou subir - a voz tremula e o andar pesado deixavam claro que o sentimento que lhe perseguia não era bom.
- Vai dormir já? - disse a filha preocupada e estranhando a voz do pai.
- Vou sim.
- O que você tem?
- Nada.
- O que você tem, Pai? - diz a filha com a voz, dessa vez, mais rude.
- Eu não tenho nada, estou cansado, posso..?

E o silêncio voltou a perturbar todas as mentes. A da garota principalmente.
"Eu preciso subir e ir falar com ele, alguma coisa foi, ele tá estranho, eu preciso falar com ele. será que ele descobriu o meu piercing e tá puto? CA-RA-LHO! Eu sou uma merda mesmo, só faço merda, só faço ele de decepcionar, que merda!"

A garota subiu e desceu a escada várias vezes, e sempre se deparava com o barulho do chuveiro. Ela deu um tempo, e ouviu a porta se abrir, deu outro tempo, e subiu:
- Pai, o que você tem?
- Nada filha... - a resposta vaga do pai a deixou muiito preocupada.
- Dá pra você conversar comigo? todo mundo viu como você subiu as escadas, viu como você tava, porra...Eu tô crescidinha, e não aguento mais ser tratada como criança, até com o seu filho, que é mais novo do que eu, vc conversa normalmente e conta as coisas... Só pq eu sou a unica mulher da casa agora? que merda é essa? eu tenho que estudar, cuidar da minha vida, e não dar dor de cabeça pra ngm, mas você pode ficar fazendo essas coisas e me deixando louca? O que você tem?
- Tristeza, filha...Tristeza...

De novo aquele silêncio que, agora, parecia fazer parte de todas as conversas dos dois ali presentes.

- É só isso mesmo?
- É...

A menina fica em silêncio - de novo - levanta e da um abraço no pai, que estava deitado na cama e nem se moveu. Ela ficou ali por alguns momentos, e quando percebeu o choro do pai levantou e saiu do quarto. Na porta perguntou se ele ficaria ali, e ele disse que sim, enchugou uma lágrima, e voltou o olhar para a TV, que passava um jogo qualquer de futebol. A filha deu boa noite, e desceu a escada. Sentou em frente a tela do computador, e desabou em choro, sentiu o coração sendo arrancado sem nenhuma pena, os olhos ardiam, e a respiração ficava forte.